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Construir o futuro: a integração da IA nas políticas educacionais
No seminário virtual organizado pela Comunidade de Especialistas em Educação e Tecnologia do IIPE UNESCO, especialistas em políticas educacionais da região refletiram sobre como a inteligência artificial (IA) pode melhorar as aprendizagens.
Estudiante de nivel secundario con computadora de escritorio

© Canva

A IA parece oferecer recursos muito potentes que geram grandes expectativas, mas que também trazem riscos. Quando se trata de sua inclusão nos processos educacionais, torna-se imperativo analisá-los em profundidade a fim de estabelecer futuros desejáveis e consensuais.

Para iniciar um diálogo sobre esse tema, foi realizado em 6 de junho o seminário virtual "Construir o futuro: a integração da IA na política educacional", organizado pela Comunidade de Especialistas em Educação e Tecnologia do Escritório para a América Latina e o Caribe (ALC) do IIPE UNESCO.

O evento reuniu mais de 750 pessoas de 26 países, incluindo especialistas e representantes de ministérios da educação, universidades e organizações que trabalham com a integração de tecnologias digitais e planejamento educacional com o propósito de melhorar os sistemas educacionais da região.

O evento foi aberto por Alejandra Cardini, Chefa do Escritório a.i. do IIPE UNESCO ALC, que se concentrou em considerar a IA de maneira integral, identificando tanto seu potencial quanto seus riscos.

"A inteligência artificial é agora uma tecnologia disruptiva que abre novas possibilidades, mas também levanta questões sobre o futuro da educação" 

Alejandra Cardini, Chefa do Escritório a.i. do IIPE UNESCO ALC

A primeira integrante do painel, Roxana Morduchowicz, comentou sobre seu artigo "Inteligência Artificial: Precisamos de uma nova educação?”, publicado pela UNESCO Santiago e pela UNESCO Montevidéu em 2023.

O diálogo foi organizado em três blocos temáticos. No primeiro, dedicado às políticas educacionais e aos complexos desafios da governança digital, participaram Teresa Lugo (UNQ), Tamara Diaz (OEI) e Tamara Vinacur (BID). Foi levantada a necessidade de que as políticas educacionais se concentrem no desenvolvimento de competências digitais e cívicas dos estudantes, a fim de obter uma compreensão abrangente dos novos ambientes tecnológicos e, ao mesmo tempo, promover uma cultura digital centrada em valores democráticos.

Nas intervenções, foi reconhecido o papel essencial dos Estados na construção de marcos regulatórios para garantir a inclusão, na proteção de formas de discriminação e preconceito associadas à IA e na colaboração para a proteção de dados e a segurança dos estudantes. Nesse sentido, Teresa Lugo afirmou que "um Estado comprometido deve promover políticas de apoio à IA em uma ampla gama de áreas, desde a infraestrutura até a formação de professores".

O segundo bloco, que abordou o impacto da IA no ensino, incluiu contribuições de Florencia Ripani (Fundação Ceibal), Martín Cáceres Murrie (Ministério da Educação do Chile), María José Velázquez (UNICEF) e Mariana Maggio (UBA).

Sobre esse assunto, os palestrantes concordaram que a IA Generativa apresenta enormes oportunidades e desafios no campo da educação, mas que seu uso não deve substituir, e sim complementar, o conhecimento adquirido durante a formação escolar.

De uma perspectiva pedagógica, Florencia Ripani argumentou que "o desafio que a educação enfrenta é tão exponencial quanto o crescimento desse tipo de tecnologia: enquanto o acesso às ferramentas de IA está cada vez mais simplificado, o conhecimento necessário para aproveitá-las está se tornando mais complexo".

O último bloco, sobre a dimensão ética e as perspectivas do uso de ferramentas de IA na educação, contou com a participação de Valtencir Mendes (UNESCO Santiago), Diego Leal (Teach the Future), Cecilia Llambi (CAF) e Mara Borchardt (Fundación Sadosky).

Nesse eixo temático, houve concordância sobre os possíveis vieses da IA ou da propriedade intelectual. A esse respeito, Valtencir Mendes disse que "deve haver mais transparência sobre como os algoritmos funcionam e os dados que eles usam. Temos que dizer 'não à caixa preta'".

O encontro levantou algumas questões que nos convidam a refletir sobre o futuro da educação: quais são nossos objetivos educacionais, quais competências devemos priorizar, como podemos nos preparar para cenários incertos?

No encerramento do evento, Natalia Fernández Laya, Especialista em Comunidades de Prática do IIPE UNESCO, disse que "enfrentar esses desafios exige uma abordagem holística que envolva diversos atores e promova a capacidade de antecipação de professores e estudantes. Se a IA reflete perspectivas hegemônicas e dominantes, a escola tem a oportunidade de ser um espaço para o pensamento crítico, onde o provável e o verdadeiro podem ser distinguidos”.

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